Compartilho uma desabafo do meu querido amigo e arquiteto Gilmar de Lima sobre sobre a doação de esmolas para as crianças e jovens nas margens da rodovia Br-116.
AS CRIANÇAS DO 516!
Dirijo pela BR 116 desde 1978. Já
troquei muitos pneus e posso dizer que, o que já trafeguei por ela - algumas
centenas de milhares de kms - daria pra dar dar uma dúzia de voltas ao mundo!
Quando rodei meu primeiro
quilometro na Regis Bittencourt, ainda a apelidavam de BR-2! Sequer imaginava
cursar arquitetura e muito menos, quatro décadas depois, ter um destino
irônico: estar trabalhando nela c urbanismo e acessos rodoviários! Muitas
histórias tenho pra contar.
Algumas surpreendentemente
bonitas e alegres! Outras, nem tanto! Presenciei acidentes, mortes de
desconhecidos, conhecidos, amigos e parentes! catástrofes, sofrimentos! mas
também, alegrias!
Militei ativamente no movimento pro-duplicação da BR116 e ajudei a difundi-la como "Rodovia da morte". Enfrentei desvios 'eternos', de pontes sendo construídas e pontes caindo... Posso dizer que, no trecho SP-PR houve épocas que conhecia quase todos os buracos! Vi e ajudei famílias inteiras que jaziam de fome, em decorrência de inescrupulosos desvios (talvez no puro sentido de "desvio) da rodovia, que lhe tiravam sustento de subsistência e cujos consertos demoravam anos seguidos para terem solução, lesando usuários, encarecendo fretes, arruinando a economia, a saúde e destruindo centenas de antigas famílias nativas, moradoras de áreas lindeiras deste trecho.
Não creio
que o ministério público e nossas autoridades tenham atentado e observado com
profundidade e seriedade de caso, esta triste questão social, talvez pelo seu
aspecto tão pequeno e pontual, mas que deveria, e deve ser ainda, debatida e
muito bem analisada.
Pois ainda hoje registrei, pasmem, jovens quase adultos
que outrora, em passado recente eram apenas crianças marginalizadas que
"viviam" a beira da rodovia pedindo esmolas aos caminhoneiros, que
lhes "jogavam" moedas! Não houve trabalho social aparente para o
caso, tanto que hoje, sim hoje 11/1/2017, tive a infelicidade de presenciar
aquelas mesmas crianças de outrora, já adultas, se movimentando como antes a
beira da rodovia, agora não tão miseráveis, trajando boas roupas e usando tênis
de marcas famosas - o que denota que não existe miséria ali, mas um péssimo
hábito enraizado na cultura familiar, hoje trazem e ensinam irmãos mais novos,
filhos ou sobrinhos a terem essa mesma vida torpe (ou "facil"?).
Ora,
estamos falando de uma área sob jurisdição federal, sob concessão de direitos e
deveres que talvez contemplem aspectos pouco conhecidos, ou planos sócios
ambientais inadequados ou incompatíveis, teóricos ou desajustados à realidade
que se vê e comprova.
Não obstante, é curioso que neste mesmo trecho da
rodovia, sejam registrados os maiores índices de ocorrências policiais, de
roubos, desvios de cargas, tráfico, acidentes fatais aparentemente bem
"planejados", que inclusive também já fui vítima. Isso pode parecer
ser alarmante ou insignificante pra você!
Pode perigosamente até achar isso
"normal", "pontual" ou apenas mais um "reflexo
social" do Brasil da ultima década! Mas infelizmente, é mais uma dura
realidade que estamos ajudando e contribuindo com aparente irresponsabilidade (?)
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